REGIÃO DOS LAGOS – Sem diagnóstico, homem morre após percorrer hospitais de 4 cidades do RJ

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Viúva fala da peregrinação e diz que enfermeiros cogitaram Guillain-barré. Casal passou por unidades em Arraial, Búzios, Cabo Frio e São Pedro da Aldeia.

 

Um homem de 41 anos morreu após percorrer hospitais em quatro cidades da Região dos Lagos do Rio em busca de um diagnóstico. Mesmo com os sintomas de fraqueza, dores, desmaio e diarreia, Márcio da Costa Conceição foi liberado de três unidades. Ele morreu na última quinta-feira (17), na UPA de São Pedro da Aldeia, quando já não conseguia andar e estava com febre alta. Apesar de não ter um diagnóstico em mãos, por acreditar que o marido foi vítima da síndrome de Guillain-barré, Fernanda Pimentel tem feito uma campanha para alertar sobre os sintomas da doença.

Casal percorreu quatro cidades para tentar diagnóstico (Foto: Fernanda Pimentel/Divulgação)
Casal percorreu quatro cidades para tentar diagnóstico (Foto: Fernanda Pimentel/Divulgação)

“A minha reclamação é o diagnóstico e infraestrutura para atender estes casos. Eles não sabem lidar com a síndrome. É muito triste”, contou Fernanda, que também buscou atendimento em Búzios, Cabo Frio e  Arraial. “Eu ia com amigos e parentes, ia tentando um lugar melhor. Até que me dessem um diagnóstico, para a gente tratar”, explicou.

Na certidão de óbito de Márcio, a constatação é de infecção generalizada. Nos últimos dias, segundo Fernanda, o marido estava inchado, com muitas dores ao ser tocado e já sem conseguir se movimentar, precisando de uma cadeira de rodas.

“Na UPA me disseram que não era dengue, que era uma bacteria. Depois que soube pelas enfermeiras que poderia ser Guillain-barré”, contou a mulher.

Viúva se mobiliza para conscientizar as pessoas da síndorme de Guillain Barré (Foto: Inter TV/Reprodução)
Viúva se mobiliza para conscientizar as pessoas da síndorme de Guillain Barré Foto: Inter TV/Reprodução)

Peregrinação
Márcio e Fernanda foram ao primeiro hospital, em Armação dos Búzios, no dia 11 de março, onde, segundo a mulher, os médicos não constataram nada. No dia seguinte, o casal foi ao Pronto-Socorro do Hospital Municipal de Arraial do Cabo.

“Fizeram exame de sangue e falaram ‘oh, tá com uma suspeita de dengue’. Suspeita, nenhum diagnóstico. Tomou os medicamentos, soro e casa novamente”.

Em nota, a Prefeitura de Arraial do Cabo confirmou os sintomas da dengue. Disse que o paciente passou por hidratação e foi pedido que, se os sintomas continuassem, que era para ele voltar em 48 horas, o que não aconteceu.  

No dia 14, Márcio, que não conseguia mais andar e estava em uma cadeira de rodas, foi levado ao Hospital do Jardim Esperança, em Cabo Frio. Lá, de acordo com a viúva, médicos disseram que era febre Chikungunya. Mesmo assim, Márcio foi liberado da unidade.  

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio informou que todas as unidades de saúde do município seguem o protocolo de atendimento para suspeita de Zika, Dengue, Chikungunya e Guillan Barre, orientadas pela Vigilância em Saúde. A secretaria informou ainda que irá abrir uma sindicância administrativa para apurar como foi realizado o atendimento ao paciente.

Estágio final
Em uma última tentativa, o casal procurou o atendimento na Unidade de Pronto Atendimento de São Pedro da Aldeia no dia 15. 

“Depois de tudo, os rins pararam, ele ficou com muita dificuldade de respirar e começou a ficar desorientado. Falaram que era glicose alta e só depois disso que pediram internação. Isso que me chateou, porque se tivessem diagnosticado ele seria internado no primeiro dia”, contou Fernanda.

Com o agravamento do quadro, Márcio chegou a ser levado para o Hospital Alberto Torres, em São Gonçalo, para uma tomografia. Ao voltar, a UPA começou a pedir a transferência para uma unidade especializada, mas ele foi perdendo a consciência e, por fim, em coma, morreu no dia 17.

Informação
Compartilhando informações em redes sociais e veículos de comunicação locais, Fernanda diz que busca pelo esclarecimento da situação e procura informar outras pessoas sobre a síndrome.

“Eu não tinha informação. E acredito que tenha muita gente que não tenha essa informação. Tá todo mundo abafando muito e eu não entendo o porquê. Acho que informação é uma forma de evitar a morte”, finalizou.

Procuradas pela reportagem, a Secretaria de Saúde do Estado e a Prefeitura de Búzios não se posicionaram sobre o caso até a publicação desta matéria.

Fonte Rebeca Nascimento/Do G1 Região dos Lagos com colaboração da Inter TV

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