CABO FRIO – Vítima de explosão de bueiro no RJ é enterrada em Cabo Frio nesta quinta

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Aline Barreto Pais teve 50% do corpo queimado e ficou 35 dias internada. ‘Uma vida que foi interrompida muito cedo’, disse prima da vítima.

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Jovem foi enterrada sob muita comoção de familiares e amigos (Foto: Gustavo Garcia/G1)

O corpo de Aline Barreto Pais, de 24 anos, que teve 50% do corpo queimado na explosão de um bueiro ocorrida na Lapa, no Centro do Rio de Janeiro, no final de setembro, foi enterrado na manhã desta quinta-feira (3) no Cemitério Santa Izabel, em Cabo Frio. O velório foi marcado por muita tristeza. A mãe não conseguiu comparecer e avó teve que ser levada para o hospital ao chegar na capela. O caixão permaneceu fechado.

“A morte veio em um momento que não era esperado. Morrer em um acidente como esse, em um estouro, é muito difícil para a família. Não é a primeira vez que acontece esse tipo de acidente e temos que ver de quem é a responsabilidade. A dor que sentimos, não tem como mensurar. Ela era meiga e cheia de vida, uma vida que foi interrompida muito cedo”, disse Ana Carolina Barreto, prima da vítima.

A família é do bairro Guarani, em Cabo Frio, e Aline foi morar no Rio há aproximadamente seis anos com o objetivo de se tornar atriz. Segundo a família, ela estava trabalhando nos bastidores de uma peça, era formada em filosofia e havia acabado de ser aprovada no mestrado em sociologia.

Aline foi vítima de explosão de bueiro na Lapa (Foto: Reprodução / Facebook)
Aline era de Cabo Frio (Foto: Reprodução / Facebook)

Ela foi uma das oito vítimas da explosão e ficou mais de um mês internada no Hospital da Força Aérea do Galeão. A morte foi confirmada pela assessoria da Força Aérea Brasileira (FAB) na noite desta terça-feira (1º).

A explosão ocorreu em um bueiro na esquina da Rua do Senado com Avenida Gomes Freire, na Lapa, na noite de 24 de setembro, um sábado. Aline havia saído da comemoração do aniversário de um amigo quando foi vítima do acidente.

A Polícia Civil indiciou três funcionários da Light, que vão responder por explosão, homicídio culposo e sete lesões culposas, quando não há intenção de matar. A Light disse que está colaborando com a polícia, mas que não foi informada sobre o indiciamento dos funcionários. A empresa lamentou a morte de Aline e disse que está prestando assistência à família dela e das outras vítimas.

A região da Lapa, onde ocorreu a explosão, é uma das mais movimentadas do Rio durante a noite e é muito conhecida por concentrar diversos bares e boates.

Momentos de pânico
Um dia após o acidente, uma das vítimas conversou com a reportagem. Henrique Fonseca, de 35 anos, contou ter vivido momentos de pânico.

Henrique Fonseca e Paula Machado ficaram feridos na explosão de um bueiro na Lapa, Centro do Rio (Foto: Fernanda Rouvenat / G1)
Henrique Fonseca e Paula Machado ficaram feridos na explosão (Foto: Fernanda Rouvenat / G1)

“Nós estávamos na rua conversando. Uns amigos estavam sentados, eu estava com ela [Paula] em pé. Quando explodiu, eu agarrei ela, tentei abaixar ela comigo, mas não tive tempo, não tive força, aí eu me joguei no bar, ela também. Vi gente pegando fogo, tinha um rapaz, que eu achei que fosse ela, que estava com fogo na cabeça, fogo nas roupas, eu apaguei com a mão o fogo dele. Depois, eu vi que não era ela, que ela estava atrás de mim. A explosão é muito forte. Não tem ideia de como é aquela explosão, é um calor”, disse Henrique.

O rapaz ficou ferido nos braços, no rosto e no pé. Paula Machado, 38 anos, também teve ferimentos no rosto, nos braços e nas costas. Os dois foram levados para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul do Rio, e receberam alta hospitalar na tarde depois do acidente.

Segundo Henrique, momentos antes da explosão havia faltado luz no local. “Antes, faltou luz. A Light foi lá, mexeu no bueiro, fechou, saiu, passou um tempo a luz voltou. Depois de uns 20 minutos que a luz voltou foi a explosão”, contou.

Uma testemunha que mora próximo ao local da explosão contou para reportagem à época que ouviu uma forte explosão e desceu para ver o que tinha acontecido. Segundo ela, foi “um clima de pânico”.

“As pessoas estavam queimadas, com o corpo todo queimado. Quando desci, dei assistência pra uma garota. Ela estava toda queimada, com a roupa queimada, cabelo queimado, teve queimadura em todo corpo, ela estava nua. Eu achava que ela estava com uma meia-calça no braço, mas era a pele dela. Fiquei com ela pra tentar acalmar”, contou a mulher que preferiu não se identificar.

Situação recorrente
Em 2011, após uma série de explosões de bueiros em ruas do Rio, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a empresa de energia elétrica Light assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que obrigada a concessionária a pagar multa de R$ 100 mil por cada explosão de bueiro que cause morte, lesão corporal (leve, grave ou gravíssima), e dano ao patrimônio público ou privado.

Fonte G1/Inter TV

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