LITERATURA – Pesquisadores contam história da região em livro sobre pesca de baleias

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O Lançamento é nessa quinta-feira (09) no Solar dos Massa, Cabo Frio

O Lançamento do livro “Cabo Frio e a Pesca da Baleia na Ponta dos Búzios (Séculos XVIII e XIX)” do historiador Luiz Guilherme Scaldaferri e da pesquisadora Rose Fernandes, acontece nessa quinta-feira, dia 9, às 18h, na Biblioteca Municipal Walter Nogueira, Casa do Escritor Cabo-friense, Solar dos Massa.

Uma obra que se propõe não apenas a retratar um determinado contexto histórico, mas também a lançar hipóteses sobre a formação de parte da região e fugir dos lugares comuns quando se fala do perfil da população indígena, por exemplo. Esta é a proposta do novo livro da Sophia Editoria, chamado ‘Cabo Frio e a Pesca da Baleia na Ponta dos Búzios (Séculos XVIII e XIX)’.

A obra do historiador Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira e da pesquisadora Rose Fernandes investiga de forma paralela e ao mesmo tempo complementar a formação de núcleos populacionais, entre os anos 1700 e 1800, em locais onde hoje ficam os municípios de Búzios e Cabo Frio. O pano de fundo para o trabalho conjunto foi a instalação de uma armação para a captura de baleias no balneário buziano durante o período colonial.

– A ideia surgiu porque, na verdade, se a gente sabe muito pouco sobre a história da cidade de Cabo Frio, os dados sobre a história da região são mais precários ainda. Tentamos unir o útil ao agradável e pegamos a parte de Armação dos Búzios, que fazia parte de Cabo Frio no período colonial, embora o livro não se limite ao período colonial – explicou Luiz Guilherme, que prossegue.

– Vamos tentar mostrar que a região tem perdido um pouco da identidade em relação a pesca e em relação aos índios, o que para quem é historiador é muito ruim para pensar nosso presente. Fizemos uma tentativa de dar voz a esses índios e a essa população tradicional mais ligada a pesca, que é um importante marco identitário da região – argumentou.

O livro é divido em dois estudos, um de Rose e outro de Luiz Guilherme, diferentes entres si, mas considerados complementares. A pesquisadora usou como ponto de partida para o texto um trabalho não aproveitado que foi feito para a prefeitura buziana. Ponto de partida porque os estudos para o livro ampliaram o campo de conhecimento da dupla e quebraram modelos reproduzidos pelo senso comum, sobre a população silvícola, no caso da região, da tribo tupinambás. Segundo Rose Fernandes , estudos apontam que 33% do DNA humano é indígena.

– Na realidade, muito do que aconteceu na armação das baleias era por causa do índio. Eles dependiam do índio para tudo: para comer, pra ter água, pra construir. Esse índio era pescador também. Eu venho de uma família de pescadores. Ainda hoje tem a cultura do pescador e do índio, o dialeto, tudo. Eu tenho um trabalho pronto pra finalizar. Na primeira parte eu falei do resgate da pesca artesanal na região, na lagoa, e na segunda parte, a parte familiar que aí entra a canoa, que eram as pernas do pescador. A condução deles era a canoa – ensina a pesquisadora.

A obra aborda também aspectos referentes às disputas territoriais entre colonizadores e questões religiosas. Para Scaldaferri, diferente do que a historiografia oficial muitas vezes registra, o processo de protagonismo é do índio.

– Uma questão importante é até que ponto esse protagonismo, o processo de conquista foi do europeu português. Processo naquele contexto de apropriação de conflitos que já aconteciam anteriormente à chegada dos portugueses europeus que foram adaptados e até que ponto os índios foram efetivamente enganados. Os índios também se aproveitavam da rivalidade europeia e sabiam ler o que estavam acontecendo. Isso tira uma pouco da visão frágil do senso comum que os índios eram incapazes de ler o contexto que se apresenta. Isso dá um novo patamar à própria consciência dos índios da época – acredita.







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