Pesquisa do LNCC também comprova transmissão comunitária do coronavírus no país
Uma pesquisa realizada no Laboratório Nacional de Computação Científica, o LNCC, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, sequenciou 19 genomas do novo coronavírus e revelou que o vírus já sofreu mutação no Brasil. A pesquisa também comprovou a transmissão comunitária do vírus no país.
O sequenciamento foi em tempo recorde, em apenas 48 horas. O estudo contou com amostras de pacientes dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul e São Paulo.
A pesquisa também aponta que o vírus entrou no país pela maioria de pessoas que foram para a Europa e não para a China. Os dados foram armazenados no supercomputador Santos Dumont, que fica em Petrópolis e estão disponíveis para comunidade científica mundial.
Participaram do estudo, pesquisadores do LNCC, das universidades federais do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, da USP e da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Os cientistas trabalharam juntos e utilizaram um equipamento que faz a leitura em tempo real do vírus.
A principal descoberta do sequenciamento é que o vírus já possui características singulares no Brasil. Diferentes do vírus da China ou da Itália, por exemplo.
O trabalho também comprovou que já existe a transmissão comunitária do coronavírus que sofreu mutação no Brasil e que a maioria dos casos veio de países europeus e apenas 10% da China.
“Uma das conclusões importantes que obtivemos nesse trabalho foi que foi possível identificar que agora nós temos cientificamente comprovada a transmissão comunitária acontecendo no brasil”, disse a geneticista e coordenadora do Laboratório de Bioinformática do LNCC, Ana Tereza Ribeiro Vasconcelos.
Esse foi o primeiro sequenciamento de genomas do novo coronavírus feito fora do estado de São Paulo e em tempo recorde.
Já havia uma pesquisa feita na Universidade de São Paulo que sequenciou apenas dois genomas, dos primeiros casos confirmados no Brasil.
Foram coletadas amostras de exames de pacientes que tiveram a Covid-19 e foram atendidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e por laboratórios de Belo Horizonte.
A coordenadora do Laboratório de Bioinformática explicou que o resultado reforça a necessidade do isolamento social.
“Nesse momento o isolamento social torna-se uma ferramenta extremamente importante para que o número de pessoas infectadas seja o menor possível”
afirmou a geneticista Ana Tereza.
Além do LNCC, o projeto também teve o apoio de fundações como a Faperj, a Fundação Carlos Chagas Filho, de amparo à pesquisa.
“[A fundação] tem como principal objetivo apoiar todos os projetos, tanto os que já estão em realização como projetos novos abrangendo todos os aspectos do Covid-19. Tanto a genômica do vírus, a fisiopatologia da doença, aspectos clínicos, eventualmente testes clínicos e o diagnóstico que é tão importante. Também vamos apoiar o desenvolvimento de novos kits diagnóstico”, disse Jerson Lima Silva, presidente da Faperj.
Depois do laboratório, todas as informações foram armazenadas no supercomputador Santos Dumont, que é um dos maiores do mundo e o mais potente da América Latina, capaz de processar até 4 trilhões de informações por segundo.
Segundo o coordenador de TI do LNCC, agora, a pesquisa fica à disposição da comunidade científica.
“O sequenciamento que foi feito aqui é um dos programas nacionais que estão sendo feitos buscando essa solução. A ideia do uso do Santos Dumont é exatamente essa: a gente ter uma resposta mais rápida em um menor tempo”, afirmou Wagner Léo, coordenador de TI do LNCC
Ainda não é possível dizer o que mais vai ser descoberto, nem em quanto tempo. Mas a iniciativa traz uma esperança em meio a pandemia da doença.
“O grupo do LNCC é um dos grupos nacionais e internacionais que estão buscando a luz no fim do túnel. O que nós estamos fazendo é auxiliá-los a encontrar essa luz”, disse o coordenador de TI do LNCC.
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Fonte G1 Região Serrana.